Até onde chega a sonda: escritos prisionais
Patrícia Galvão, PaguDiferente de todos os seus textos anteriores conhecidos, aqui se vê a face interior de Patrícia Galvão. O contexto de angústia e de tortura física e psicológica é refletido no livro a partir de um forte teor existencialista, de repúdio à racionalidade e de busca constante por salvação. As referências a As flores do mal, de Charles Baudelaire, à Bíblia e aos escritos de Pascal dão pistas para a leitura, que se transforma em verdadeira sondagem. O manuscrito combina monólogos de alguém no limiar da loucura com passagens de um diálogo amoroso entre dois personagens: Mulher e Homem Subterrâneo, este, clara alusão à Memórias do subsolo, de Fiódor Dostoiévski.
A linguagem cifrada e a opção pela correspondência amorosa talvez tenha sido o modo encontrado para driblar a censura e revelam o quanto Patrícia estava conectada com seu tempo, desenvolvendo ideias filosóficas e imagens literárias que reverberariam em trabalhos posteriores, por exemplo, A famosa revista ou as crônicas dos jornais A Noite e A Tribuna. Antecedido por um prefácio em que Silvana Jeha e Eloah Pina contextualizam a obra da autora, destrincham as principais referências intelectuais do texto e indicam possíveis caminhos para mais estudos, o livro conta ainda com documentos do prontuário da autora no Deops, incluídos como anexos, que contrastam com a imagem cristalizada pela opinião pública ― um manifesto inédito, a cronologia da
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